Reconstrução do velho monstro
Extra-oficialmente, a primeira transposição do romance “Frankenstein”, assinado por Mary Shelley e lançado em 1818, para as artes cinematográficas foi feita em 1910, com produção de Thomas Edison (inventor da lâmpada elétrica incandescente e do cinematógrafo). De lá para cá, foram muitas as adaptações, versões e referências, tanto nas telonas quanto em expressões como teatro, TV e game. Ainda assim, a história mantém-se atrativa, e a busca por novos olhares segue com “Victor Frankenstein”, produção que a Fox estreia nesta quinta no Brasil, apostando em outra narrativa, capaz de equilibrar drama, suspense e ação, como já aponta o trailer lançado em agosto.
Contada pelo assistente do cientista Victor Frankenstein, o jovem Igor Strausman, a trama resgata o personagem Fritz, criado em 1931 no clássico filme da Universal e inexistente na obra de Shelley. O pupilo, interpretado por Daniel Radcliffe, acredita estar contribuindo de maneira nobre com uma pesquisa que promete ajudar a humanidade ao reverter a imortalidade, mas acaba se surpreendendo com a personalidade perversa de seu mentor. As experiências de Victor, vivido por James McAvoy, se configura como obsessão desmedida e o leva a consequências terríveis. Igor, então, se vê na responsabilidade de resgatar o amigo da loucura e salvá-lo do monstro que criou.
Dirigido por Paul McGuigan, de “Xeque-mate” (2006) e do seriado “Smash” (2012), o filme investe no período que antecede o monstro, investigando a rotina dramática de um médico em suas estranhas convicções. “Sonho com um mundo em que a esperança substitua o medo”, diz o personagem em certa altura, demonstrando suas boas intenções, logo transformadas em descontrole: “Sonho com um exército de imortais”. Destacando o duelo entre sagrado e profano, a produção contemporânea foca no testemunho de um evento que não se restringe à criação do lendário e temido monstro, mas num ideal doentio de perseguir o infinito.
Em recente entrevista, McAvoy destaca o quanto Igor, o assistente, é capaz de enxergar os limites morais que o cientista ultrapassa ao assumir o papel de um Deus. Para Radcliffe, o que torna a nova obra instigante é justamente a subversão, em certa medida, do clássico inglês, tarefa executada pelo roteirista Max Landis, de “Poder sem limites” (2012), que lançou mão do livro de Shelley, mas também dos filmes já produzidos e das paródias que desconstroem o homem construído com partes de outros humanos. Como o monstro, “Victor Frankenstein” também é um encontro de retalhos.
VICTOR FRANKENSTEIN
UCI 4 (dub): 14h e 16h20. UCI 4: 18h40 e 21h. Cinemais 4 (dub): 15h10 e 19h30. Cinemais 4: 17h20 e 21h40. Santa Cruz 2 (dub) 16h45, 19h e 21h15
Classificação:
12 anos
Comédia à brasileira
Os preconceitos estão logo no trailer, quando o homem é caracterizado como “solteirão convicto”, e uma criança é apelidada de “baleia”. Mais uma vez, uma comédia brasileira aposta nas piadas de rápida apreensão, que se reproduzem ao longo dos tempos e reforçam velhos e vencidos argumentos. Na história, Heitor (papel de Alexandre Borges) ganha a vida filmando casamento e, num dia comum, conhece Penélope (Camila Morgado), que está determinada a se infiltrar na festa do ex-namorado para, assim, destruir o que for possível. Os preparativos induzem a uma grande confusão, e os dois acabam se envolvendo de outra forma.
Se o filme dirigido por Aluízio Abranches, do elogiado “Um copo de cólera” (1999), não se sobressai enquanto trama – fixando-se no que já é considerado o senso comum do cinema popular brasileiro -, destaca-se com um elenco afinado e de alta performance na comédia. Letícia Lima, do Porta dos Fundos, que chamou atenção no recente “Entre abelhas”, mais uma vez demonstra seu timing para o riso, que consegue se sobrepor ao texto. Também completam o time, as atrizes Bianca Comparato, Rosi Campos e Luiza Mariani, reforçando o padrão global já anunciado pelos protagonistas.
BEM CASADOS
UCI 1: 20h20 e 22h20. Cinemais 3: 15h30, 19h10 e 21h30
Classificação: 12 anos