Presença de doulas em parto é debatida
“Eu não queria abrir mão dela (doula) porque era quem estava me dando força e não ia deixar eu desistir do parto normal. Mas também havia planejado durante nove meses com meu marido de ele cortar o cordão umbilical.” A angústia em ter que escolher entre a doula e o acompanhante – seja ele marido, mãe, familiar – para participar do parto em um hospital aflige não somente a publicitária Ariane Carvalho, 29 anos, mas muitas mulheres que contratam uma doula para dar apoio físico e emocional nesse momento da maternidade. Dessa situação iniciou-se um movimento em todo o país para tornar lei a presença da doula nos hospitais, sem que a mulher precise abdicar da presença de um acompanhante. “A doula tem um papel totalmente diferente do acompanhante. Ela utiliza métodos não farmacológicos para reduzir a dor e dar apoio emocional”, enfatiza Tássia Costa, doula há dois anos e meio.
Cidades como Belo Horizonte, Sorocaba (SP), Jundiaí (SP) e Blumenau (SC) já aprovaram a “Lei das Doulas”. Em Juiz de Fora, uma audiência, requerida pelo vereador Jucelio Maria (PSB), será realizada hoje, às 15h, para debater a questão. “Essa audiência irá anteceder a discussão do projeto de lei. A discussão do projeto propriamente dito deve acontecer no início de dezembro”, explica o vereador. Conforme uma das coordenadoras da Aliança de Mulheres por Maternidade Ativa (Amma-JF), Malu Machado, a presença da doula no parto traz vários benefícios. Um estudo feito pela Mothering the Mother – uma organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos – apontou que a presença da doula é responsável pela redução de 50% dos índices de cesárias e de 20% da duração do trabalho de parto. Para Malu, a audiência irá esclarecer sobre o trabalho da doula. “Ainda há desconhecimento. A doula está ali para apoiar a mãe. Ela não é uma profissional da saúde, a doula não faz parto. Ela não veio para tirar o lugar de ninguém. Veio somar, apoiar e facilitar o parto.”
A audiência também irá discutir o parto humanizado e o incentivo ao parto normal. Em abril, a Tribuna mostrou que, em Juiz de Fora, 95% dos partos realizados pela rede suplementar de saúde são cesáreas. O preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que somente 15% dos partos sejam cirúrgicos. Já na rede pública, o número de cesarianas é menor, cerca de 40%.