Invenção de juiz-forano reduz focos do mosquito
Com a epidemia de dengue, vários brasileiros têm buscado formas caseiras de combater o mosquito transmissor. Em Juiz de Fora, o inventor José Rocha criou o dispositivo para armazenar insetos, apelidado de “exterminador da dengue”. O equipamento é ligado na energia elétrica e possui um dispositivo que, quando acionado, aquece a água do reservatório, matando os focos depositados ali (ver quadro). A própria água limpa atrai a fêmea do Aedes aegypti para colocar os ovos no local. “O dispositivo não irá matar o mosquito. A vida do vetor é de aproximadamente 45 dias. Nesse tempo, ele vai colocar os ovos. O equipamento vai evitar que esses novos mosquitos nasçam”, explica. O aparelho ainda pode ser programado para que a água aqueça a cada determinado tempo. “Eu uso três aparelhos na minha casa e vejo que dá muito certo. Você olha o ambiente e acha que não tem mosquito nenhum. Mas, quando olha na água, vê as larvas. Eu programo o dispositivo para ligar a cada quatro dias. Nesse tempo, o ovo já eclodiu e virou larva, mas ainda não virou mosquito.”
O inventor conta ainda que está buscando formas de disponibilizar o equipamento no mercado. Um projeto de produção já foi elaborado juntamente com o Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt) da UFJF. No entanto, o custo da produção ainda está alto, em torno de R$ 200 por unidade. Conforme José Rocha, o aparelho já está legalizado para a venda. Mas, como o objetivo é disponibilizá-lo para órgãos públicos, o equipamento deve passar ainda por testes de qualidade do Inmetro. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que, “como o produto não envolve o uso de substâncias químicas, sendo apenas uma armadilha que elimina os ovos por corrente elétrica, ele não necessita de regularização na Anvisa”. O dispositivo também foi apresentado à Secretaria de Saúde do município. Segundo a assessoria da pasta, a proposta passa por análise do setor técnico da Subsecretaria de Vigilância em Saúde. Os interessados em conhecer melhor o produto podem acessar o site www.exterminadordadengue.com.br.
Embrapa
Quem também tem se utilizado da criatividade para auxiliar no combate ao Aedes aegypti é a Embrapa Gado de Leite de Juiz de Fora. O biólogo e assistente da instituição Luiz Hildebrando de Lima criou uma pipeta alongada para facilitar o recolhimento de amostra em locais de difícil acesso, como bueiros e bromélias. A invenção foi construída com uma seringa hospitalar de 60 ml e uma mangueira de borracha. “Essa ‘pipeta’ montada tem duas vantagens. Ela faz sucção e injeção. A convencional faz apenas sucção. Na hora de colher a amostra, se o volume de água for pequeno, a pipeta convencional não consegue sugar. Com ela montada, você pode aplicar água para sugar a amostra”, detalha o biólogo.
O criador conta que a pipeta alongada foi idealizada para acessar os reservatórios de água das bromélias com folhas mais longas e espinhosas, sem precisar arrancá-las ou machucar-se. A invenção também deve ser utilizada nas unidades da Embrapa de Coronel Pacheco (MG) e Santa Mônica, em Valença (RJ).
Versão caseira de armadilha divide opiniões
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolveu uma versão caseira de uma armadilha que aprisiona as larvas do Aedes aegypti conhecida como mosquetérica. A invenção, que viralizou na internet, é feita com garrafa PET, microtule, tesoura, lixa, fita isolante, comida para gato ou alpiste. A garrafa PET é cortada ao meio, e um pedaço de microtule é colocado na boca da garrafa. A ração ou o alpiste ficam dentro da parte inferior. A parte de cima da garrafa é encaixada na parte inferior, com o bico virado para baixo. A fita isolante une as duas partes. Então, a água é colocada na armadilha, deixando três dedos de área seca.
Os mosquitos serão atraídos pela evaporação da água, e a fêmea irá depositar seus ovos na parte seca. Quando nascem as larvas, elas descem pelo bocal atrás de comida (ração ou alpiste). Nesta fase, conseguem passar pelo tule. Mas conforme se alimentam e crescem, as pupas não podem mais atravessar o tecido e ficam presas. A cada semana, a armadilha precisa ser lavada com detergente líquido, assegurando que todas as larvas tenham morrido. O passo a passo da armadilha está no site www.faperj.br/downloads/mosquiterica.pdf .
Essa armadilha tem dividido a opinião dos especialistas. A Fundação Oswaldo Cruz não recomenda a utilização individual da armadilha. No entanto, a instituição afirma que, usada coletivamente, a armadilha poderia funcionar. Os riscos apontados são de a invenção atrair mais mosquitos para a casa ou que a pessoa monte a armadilha, mas se esqueça de eliminar outros criadores potenciais, fazendo com que o Aedes aegypti coloque ovos também nesses outros locais.