Projeto barateia serviço de celular
Um projeto, desenvolvido pela Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pretende levar comunicação e tecnologia para pequenas comunidades a um baixo custo. Com apenas um notebook e um aparelho de transmissão de dados, três estudantes conseguiram criar uma forma de oferecer telefonia móvel para os moradores do Distrito de Torreões, onde não há sinal de celular. No mês passado, a proposta recebeu menção honrosa no concurso nacional Campus Mobile, do Instituto Claro em São Paulo. O evento busca soluções inovadoras na área de dispositivos móveis.
Segundo um dos responsáveis pela iniciativa, o estudante Mateus Carpanez, a ideia surgiu em um curso da UFJF, quando pesquisadores do Rio Grande do Norte apresentaram a plataforma que serve como base para o projeto. “A partir daí, pensamos em adaptá-la, criando algo relacionado à telefonia móvel aqui em Juiz de Fora. O motivo seria, principalmente, pelo fato da cidade possuir várias áreas de sombra e críticas de sinal.”
Conforme Mateus, o serviço sairia mais barato que o tradicional. “O valor gasto para implantar seria de R$ 10 mil, enquanto uma operadora de telefonia móvel precisaria investir algo em torno de R$ 10 milhões”, compara.
O projeto atua com um notebook ligado a um aparelho de transmissão, com duas antenas, sendo que uma envia e outra recebe os sinais. No computador, um software livre permite que o circuito funcione interligado como uma central telefônica. Aplicado em uma comunidade, os aparelhos atuam como uma estação rádio base de uma operadora, conhecidas como torres ou antenas de celular. Para colocar em prática, os jovens fizeram a implementação do projeto em toda a área de Torreões, onde instalaram a central e três ilhas para que os celulares cadastrados pudessem utilizar do sistema para se comunicar. “O número de ilhas depende do tamanho da localidade e deve ser modificado de acordo com a necessidade.”
Conforme o professor Álvaro de Medeiros, que auxiliou nos trabalhos, a iniciativa pode ser usada por qualquer aparelho de celular. “As pessoas poderão pegar, inclusive, aqueles celulares antigos, que ninguém usa mais. É interessante para a comunidade poder divulgar avisos e serviços importantes, fazer propagandas, além de conversar entre eles”, explica.
O estudante explica que o grupo trabalha agora na ampliação do projeto, com o objetivo de levar o serviço para além da área urbana daquela comunidade.
Conforme o professor, o sistema opera em fase de testes, e precisaria de incentivo financeiro e regulamentação do Governo Federal para ser colocado em prática.