Carta de pró-reitor vaza e acirra debate
Em meio à ocupação da Reitoria pelo movimento estudantil, que completa hoje 9 dias, o vazamento de uma carta enviada pelo pró-reitor de Planejamento e Gestão, Alexandre Zanini, a membros da administração da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), via WhatsApp, acirrou os ânimos dos manifestantes. O documento foi publicado pelo movimento “Ocupa UFJF” em sua página do Facebook ontem à tarde. Os alunos questionaram pontos da carta na qual Zanini se posiciona contra a ocupação e sugere ao reitor Júlio Chebli e ao vice-reitor Marcos Chein uma reunião com a comissão de estudantes a fim de demonstrar a realidade orçamentária da instituição. A Tribuna tentou contato com o pró-reitor por telefone e e-mail, mas não obteve retorno.
No documento, o pró-reitor alega que a mobilização tem caráter partidário e que os integrantes da administração da UFJF estariam sendo expostos em uma rede social. Ele ainda manifesta a dificuldade de repassar, durante as reuniões abertas com os estudantes, informações específicas, como contratos de custeio e restos a pagar. Zanini compara o atual movimento à mobilização de 2007 contra o Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), encabeçado, naquela época, segundo ele, pelo PSTU e pela Associação Nacional dos Estudantes Livre (Anel). O pró-reitor aponta também que a ocupação tem prejudicado o desenrolar das atividades da pró-reitoria.
No Facebook, os alunos consideraram a manifestação do pró-reitor como uma “uma afronta aos estudantes mobilizados”, alegando que constitui mais uma demonstração da marginalização do movimento estudantil. Na sessão do “Minha casa, minha reitoria”, à noite, eles reforçaram que a ocupação é apartidária, que as decisões são tomadas em conjunto, por assembleia, embora haja integrantes de diferentes agremiações. Além disso, destacaram que não recebem financiamento de partidos e que os recursos são doados por alunos, professores e técnicos.
Em nota, a assessoria da UFJF informou que entende a manifestação do pró-reitor como “expressão de um ponto de vista pessoal sobre a conduta a ser adotada nesta fase de negociação com o movimento estudantil, apresentada em um contexto privado, a membros da equipe gestora da instituição”. Segundo a instituição, as decisões sobre a forma de agir da Reitoria são tomadas pelo reitor Júlio Chebli, ouvindo sua equipe, e tornadas públicas, através de atitudes e declarações que traduzem de forma unificada o posicionamento da administração superior. Na nota, a UFJF reforça o posicionamento de respeito ao movimento e diálogo permanente, citando o próprio Zanini, que participou das reuniões abertas com os alunos e “jamais se recusou ao debate franco e transparente”.
Estudantes mantêm ocupação
Em reunião com o reitor Júlio Chebli na noite de segunda-feira, foram analisados 47 pontos da pauta e em boa parte deles houve consenso. Chebli anunciou que o depósito de R$ 400 emergenciais já foi iniciado e que o valor será creditado na conta dos estudantes nos próximos dias. Os alunos ainda entregaram uma carta-manifesto pedindo por mais transparência, solicitando que todas as reuniões deliberativas sejam transmitidas pela internet. Assim, ficou determinado um prazo até o dia 3 de junho, para que os CAs e DAs que compõem o fórum de segurança possam elaborar propostas de realização do streaming a serem votadas no Conselho Universitário (Consu). Os estudantes votaram em assembleia pela continuação da ocupação.