Ao público, com carinho
André Pires comemora, nesta sexta-feira, 65 anos de idade. Antes disso, porém, há outros motivos de comemoração para o pianista, regente e professor: nesta quinta-feira, ele faz recital no Teatro Pró-Música para celebrar sua aposentadoria da vida acadêmica e também os 60 anos da primeira vez que subiu ao palco para se apresentar. Tanta festividade vai merecer, inclusive, a gravação do concerto de piano para um DVD. Ele deixa claro, porém, que está dizendo adeus apenas para as atividades na sala de aula, pois vai continuar atuando como pianista, músico de câmara e regente de coros e orquestras, no que ele chama de sua “última fase de vida como músico”.
“Será uma despedida da UFJF, da vida de professor, mas vou continuar atuando como músico, pois estou numa idade em que posso continuar seguindo a carreira. Vou fazer meus recitais solo de piano, fazer música de câmara e continuar regendo a Orquestra do Pró-Música”, diz André, que teve como primeiro instrumento o acordeom, ainda aos 2 anos de idade. Aos 4, ele já pisava aos palcos pela primeira vez, em Macaé, e aos 10 – quando já morava no Rio de Janeiro – passou para o piano, instrumento que o fluminense de Campos dos Goytacazes jamais abandonou. “Mas sou mais mineiro que carioca, pois saí do Rio aos 26 anos para morar em Tiradentes, São João del-Rei e, desde 1984, em Juiz de Fora.”
Os 60 anos de presença no palco renderam apresentações em diversas cidades do país e exterior, incluindo Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e países como Alemanha, Argentina e Cuba. No magistério, foram mais de quatro décadas ligadas ao ensino da música, do Conservatório Estadual de Música em São João del-Rei até a chegada à UFJF, local em que passou 18 anos lutando até conseguir aquela que considera uma de suas principais realizações: a criação do curso de música na instituição, sendo o seu primeiro coordenador – o cargo, atualmente, é de Rodolfo Valverde. “Foi uma vitória incrível. Eu fui o único músico oficial da UFJF por muitos anos. Fiz duas tentativas de montar o curso que não deram certo, devido à falta de novas vagas para professores. Apenas na terceira, 2008, é que consegui, quando houve a ampliação das vagas. Em 2009, foi aberta a primeira turma, que se formou em 2012”, conta ele. Outro motivo de orgulho para o músico é o período (2000 a 2010) em que foi regente do Coral da UFJF, com dois CDs gravados.
Homenagem para muitos
Quando subir ao palco, sozinho, para o recital de piano, André Pires não vai pensar apenas em si. O programa escolhido para esta noite (com peças de Chopin, Beethoven, Schumann, Prokofiev, entre outros) será em homenagem àqueles que foram seus professores de piano – incluindo sua mãe, Lourdes, e Arnaldo Estrella. “Os homenageados são os principais responsáveis pela minha formação no piano e por ter escolhido a profissão de professor. Escolhi peças que estudei com cada um deles. Foram colocadas numa ordem cronológica de estilo, e não de aprendizado. É uma homenagem a quem foi meu professor e também para os que foram meus alunos. Tenho estudantes que foram para Europa e Estados Unidos e que são motivo de orgulho para mim, pois se tornaram pianistas e professores.”
ANDRÉ PIRES
Nesta quinta-feira, às 20h
Teatro Pró-Música
(Avenida Rio Branco 2.329)
Entrada gratuita