CAIXA DOIS
Os dirigentes partidários e os próprios políticos usam a palavra criatividade como alternativa para a campanha eleitoral, a começar pela do ano que vem, sem recursos do setor empresarial, como ficou definido pelo Supremo Tribunal Federal. Mas esta é apenas uma afirmação, uma vez que, de fato, poucos sabem o que vão fazer sem a drenagem de recursos para movimentar a máquina de campanha. O pleito de 2016 será a experiência inicial de um processo que se fará mais agudo em 2018, quando estarão em jogo os cargos para as assembleias, Congresso, governos estaduais e Presidência.
Mas é ingênuo afirmar que apenas os partidos perdem com a decisão do STF. Os próprios empresários – a despeito de bancarem as campanhas – também perdem, pois, em não tendo condições legais de doar, ficam sem o poder de barganha que marca as relações pouco republicanas entre público e privado, ora reveladas nas operações da Polícia Federal e do Ministério Público. Patrocinadores de campanha, os grandes grupos se viam no direito de exigir vantagens de toda sorte, na perigosa via de mão dupla hoje em xeque nas investigações.
O pleito municipal será o desafio inicial de ambos os lados, que, desta forma, sim, vai exigir criatividade, mas não a criatividade perversa que perpassa tais relações, nas quais sempre se encontrou um jeito de financiar campanhas, mesmo distante dos registros oficiais. O fim do financiamento tem como meta acabar com o caixa dois. A conferir.