Campanhas terão que ser ‘reinventadas’
Os presidentes dos diretórios municipais de PMDB, PSDB, PSB e PT participaram de debate ontem nos estúdios da Rádio CBN Juiz de Fora e discutiram os efeitos da minirreforma eleitoral aprovada pelo Congresso e sancionada pela presidente Dilma Rousseff (PT). Em todos os posicionamentos, o ponto de vista de que as candidaturas precisarão reinventar seus planejamentos para a sucessão municipal do ano que vem, por conta da proibição do financiamento privado às campanhas, se mostrou unânime entre os presentes, que revelaram entendimentos distintos acerca dos desdobramentos da medida, válida a partir de 2016.
Presidente do PT em Juiz de Fora, Giliard Tenório entende que a proibição vai possibilitar um novo modelo de campanha eleitoral, mais próximo à sociedade. “Será um desafio para todos, mas o arranjo que sairá disso tende a ser positivo. Vamos ver os candidatos gastando sola de sapato e investindo em comunicação e redes sociais para conversar com a população. Se pensarmos no aspecto bom da política, que é o contato com a população, essa medida vai favorecer o contato entre políticos e cidadãos”, afirma o dirigente.
No comando do diretório municipal do PSDB, o vereador Rodrigo Matos (PSDB), participou das discussões por telefone e também defendeu o fim do financiamento privado. “As campanhas certamente ficarão mais baratas.” A proximidade do discurso do tucano e do petista sobre o tema chegou a ser alvo de brincadeiras entre os participantes, visto antagonismo histórico entre as legendas.
Apesar de as lideranças projetarem uma reinvenção das campanhas a partir do ano que vem, Paulo Gutierrez, presidente regional do PMDB, acredita que um outro item da minirreforma, o que diminui a duração da campanha eleitoral de 90 para 45 dias, irá minimizar a restrição de doações privadas. “Isso fará com que os custos sejam menores.”
Por outro lado, o presidente local do PSB, Luiz Fernando Sirimarco Jr., fez ponderações sobre a forma como a proibição das doações empresariais foram definidas, às vésperas das eleições. “Não adianta proibir sem que haja meios para fiscalizar. Tenho uma grande preocupação de como as coisas acontecerão na prática e com a coibição da prática de ‘caixa dois’.”
Janela de filiação
Outro ponto integrante da minirreforma, a redução do prazo mínimo de filiação partidária para os interessados em se candidatar de um ano para seis meses antes do pleito foi alvo de opiniões distintas. Giliard considerou a medida um retrocesso. “Esse foi um remendo que o Congresso fez para voltar o troca-troca partidário. Isso não favorece a política e os partidos.”
Contrariando o petista, Luiz Fernando considerou que, na prática, a medida irá altera pouca coisa no atual cenário político. “Atualmente, se o candidato sair a um ano das eleições, já não dá tempo da Justiça Eleitoral reaver o mandato do partido. Com o prazo de seis meses, apenas institucionalizaram algo que já acontece.”
Unificação de calendário
Também não houve consenso na possibilidade de unificação das eleições, que não integra a minirreforma, mas é defendida por Paulo Gutierrez, presidente do PMDB regional. Para o dirigente do PSB, a coincidência minimizaria outros problemas do sistema atual, como o lançamento de candidaturas com claro intuito de se cacifar entre os eleitores visando pleitos futuros. “Isso tornaria as eleições mais baratas e faria as coisas andar, Hoje, acaba um processo eleitoral e já começa outro, paralisando o país politicamente. Já o petista, entende que a aglutinação dos processos seria prejudicial aos interesses dos municípios. “As eleições para presidente e para governador engoliria as discussões da disputa das prefeituras e pelas cadeiras de vereadores.”