Cantando o nosso país
O Coral da UFJF continua a comemorar seus 50 anos de atividades nesta terça-feira, às 20h30, no Cine-Theatro Central, com a segunda apresentação do espetáculo musical “Brasis em cena: Paisagens”. Com direção musical da maestrina Hellem Pimentel, o coral mostrou uma proposta diferente para a celebração do cinquentenário na última quinta-feira. Ao invés de uma apresentação tradicional, foi criado um musical que tem como o tema a diversidade cultural, musical e do povo brasileiro.
No repertório, músicas tradicionais indígenas e de artistas dos mais diversos, entre eles Tom Jobim, Fernando Brant, Gilberto Gil, Dominguinhos e do local Fabrício Conde. O espetáculo conta, ainda, com textos de autores como Rubem Fonseca, Ariano Suassuna e uma narrativa do povo Kaxinawá, da Amazônia. Para a concepção cênica, o coral convidou o diretor Marcos Marinho e a artista plástica Fernanda Cruzick.
A ideia de criar um musical para comemorar os 50 anos do Coral da UFJF partiu de sua diretora musical, Hellem Pimentel, que assumiu o posto em junho. Com experiência prévia com coros cênicos, vinda da época em que trabalhou com diversos coros em Vitória (ES), ela sugeriu a proposta para o coral, que topou assumir o projeto. “Esse é um trabalho enorme, mas que deu muito certo com os grupos no Espírito Santo, e vi que este era um grupo com vontade de se envolver com a linguagem cênica, além da tradicional, que já possuía histórico e perfil de lidar com essa interdisciplinaridade artística. Propus então essa comemoração diferente, e eles encamparam a ideia, mesmo com o trabalho dobrado”, diz Hellem.
Tarefa assumida, a maestrina e os integrantes do coral passaram a discutir o conceito do espetáculo. “Queríamos cantar o Brasil e seu povo, abordar uma temática ligada ao nosso país”, explica. “O início dessa criação foi coletiva, conversando com o grupo e artistas convidados até chegarmos ao conceito de cantar o Brasil a partir das paisagens que o país oferece e que são diversas, assim como o povo.” A partir de cinco paisagens, foram escolhidas as músicas que melhor representassem os temas.
Luz e cena
Dois nomes da cena cultural local foram convidados para trabalhar no musical: o diretor Marcos Marinho e a artista plástica Fernanda Cruzick. Marinho já havia trabalhado anteriormente com o coral, ajudando a criar o aparato cênico de algumas canções, mas esta foi a primeira vez que vai cuidar de toda a direção cênica e a iluminação. Marinho utiliza instalações que os próprios integrantes do coral podem manipular à medida em que a apresentação se desenrola. Para os figurinos, o diretor sugeriu o nome de Fernanda Cruzick. “Precisávamos de cenários e figurinos específicos para o espetáculo. Não poderia ser apenas uma roupa de coral. Por isso convidei a Fernanda, que também possui experiência no ramo da moda, e pedi a ela que o cenário e as roupas pudessem se transformar diante dos olhos do público.”
Atualmente, o Coral da UFJF é formado por alunos e ex-alunos da instituição, além de pessoas da comunidade que se interessam pelo canto coral. “São cinco décadas de atividades ininterruptas de um coral que lutou para não paralisar suas atividades em nenhum momento. Venho com muita alegria ajudar a dar continuidade a essa trajetória, ainda mais com uma proposta que pode ser considerada ousada (de realizar o musical). Nem todo cantor está disposto a trabalhar cenicamente no palco, se expressar de uma forma corporal mais intensa”, destaca Hellem.