Contra apoio a Júlio, SDD ameaça bloco
Formado em dezembro do ano passado, o bloco de oposição ao Governo federal composto por PSB, PPS, PV e SDD enfrenta sua primeira turbulência interna. O motivo que coloca em xeque a formação que pode somar 143 deputados federais a partir de fevereiro são as eleições para a presidência da Câmara, disputada por Arlindo Chinaglia (PT), Eduardo Cunha (PMDB) e o juiz-forano Júlio Delgado (PSB). Em nota oficial divulgada ontem, o Solidariedade – que desde o ano passado definiu apoio à Cunha – ameaçou deixar a composição e se disse contrário à candidatura de Júlio, a qual a legenda chamou de “linha auxiliar do PT”.
Federação
“O Solidariedade apela aos partidos de oposição, inclusive ao senador Aécio Neves (PSDB, partido que já declarou apoio a Júlio), para que rediscuta esta questão, com o objetivo de não se cometer o erro histórico de perder a oportunidade de trazer o PT, na sua representatividade na Mesa e nas Comissões da Câmara dos Deputados, para o tamanho que sua bancada saiu das urnas: 13%”, afirma a nota assinada pelos deputados federais Arthur Maia e Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, presidente nacional do Solidariedade. O texto disse ainda que o SDD irá colocar em discussão sua participação no recém-criado bloco oposicionista.
A postura mais radical em tom de ameaça do Solidariedade vai de encontro aos depoimentos recentes do vice-governador de São Paulo e presidente estadual do PSB paulista, Márcio França. Ontem, o socialista afirmou que o bloco se prepara para atuar literalmente “em bloco”, funcionando como uma federação de partidos, capaz de adotar postura homogênea e ter uma posição conjunta de apoio e candidaturas únicas em todos os municípios nas eleições do ano que vem.
O grito do Solidariedade também não parece ter chegado aos ouvidos tucanos. Ontem, o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy, reiterou o apoio da legenda ao parlamentar juiz-forano. “A gente entende a posição do Paulinho, mas nossa posição é de apoio ao Júlio”, reiterou Imbassahy, que aposta em uma vitória do deputado do PSB, após o racha da bancada governista no Congresso. “Se o Júlio for para o segundo turno, com esse desgaste entre PT e PMDB, isso o favorecerá. Essa é a nossa expectativa.” A eleição está marcada para o próximo domingo, dia 1º.