Dona de carro não paga flanelinha e tem pneu rasgado
Uma autônoma de 34 anos teve o pneu do carro rasgado, supostamente por um flanelinha, após ter se recusado a pagar R$ 20 a ele. O fato aconteceu na madrugada de domingo, em frente à boate Mansão, no Bairro Aeroporto, Cidade Alta. Segundo a vítima, ela foi abordada por dois guardadores ao chegar na rua onde está a casa noturna e, ao ser cobrada, disse que efetuaria o pagamento na saída. “Ao retornar, não notei nada de diferente, pois o veículo estava em um local escuro. Mas quando coloquei a marcha ré, percebi que o volante estava pesado e, ao sair, notei o pneu rasgado. Como estava sozinha, sem o macaco e a chave de rodas, tive que ir embora de táxi e retornar no dia seguinte”, contou. O prejuízo foi de aproximadamente R$ 200, na compra e colocação de um pneu novo. O caso da autônoma, que preferiu não ser identificada, não pode ser considerado isolado, e as reclamações envolvendo flanelinhas em portas de boates se estendem por toda a cidade. No caso deste estabelecimento, no Bairro Aeroporto, há ainda relatos que os guardadores se utilizam até de máquinas de cartões de crédito para fazer a cobrança fixa de R$ 20.
A direção da boate disse que a questão dos flanelinhas causa muitos transtornos. “São bandidos que estão extorquindo os nossos clientes. Já tentamos diversas vezes solucionar o problema por meio das autoridades, mas não tomam providências. Isso prejudica a boate em vários sentidos, porque os clientes se sentem obrigados a pagar para não ter o bem danificado.” Por conta dos atritos com os guardadores, a direção disse que, na porta da boate, eles não pedem dinheiro, embora isso tenha um preço: “Durante a semana, a casa não abre, e eles aproveitam para jogar pedras em nosso patrimônio. Estamos dispostos a ajudar, no que for necessário, para coibir estas ações”, informou, acrescentando que o gerente da casa pode ser chamado para acionar a polícia e ainda se disponibilizar como testemunha.
A vítima do fim de semana preferiu não registrar boletim de ocorrência, mesmo assim a Polícia Militar informou que o documento policial ainda pode ser solicitado. Conforme o capitão Erick Leal Lopes, comandante da 99ª Companhia do 27º Batalhão da PM, responsável pela região da Cidade Alta, o 190 deve ser acionado quando da cobrança. “Eles podem responder pelos crimes de extorsão e usurpação da função pública. Detectando o crime, vamos conduzi-lo à delegacia e adotar as medidas legais, conforme orienta o próprio Ministério Público.” Neste caso, a vítima e outras testemunhas também devem se fazer presentes.
No entanto, ele relata que o flagrante é dificultado, embora haja ações preventivas nestes locais. “Fazemos patrulhamentos periódicos, mas no momento que a gente passa, eles não atuam.”
Poder Público
Em 2014, a Prefeitura fez um diagnóstico dos flanelinhas que atuam na Zona Sul da cidade, com o objetivo de conhecê-los e traçar um plano de ação para tirá-los das ruas, inclusive com oportunidades de qualificação profissional. Mas o plano teve baixa adesão na época, e, dos 38 guardadores entrevistados, apenas dois aceitaram encaminhamento a projetos sociais. A ideia era expandir o projeto da Zona Sul para outras áreas do município. Procurada ontem para falar sobre o assunto, a Prefeitura informou que não iria se posicionar sobre a questão dos flanelinhas.