Economia recupera, e política cai
Apesar de tudo, o presidente Michel Temer vai se impondo. Os números das pesquisas internas e de algumas instituições de classe começam a lhe ser mais favoráveis, mesmo diante de um desemprego que fará história e de uma recessão que incomoda quem produz e quem consome. O que pode explicar a melhoria em relação ao Governo Temer deve ser atribuído à sua equipe econômica, que, sem alarde e sem mágica, mas seguindo o beabá, derrubou a inflação e se impôs diante de empresários e de políticos.
Temer, vê-se agora, foi raposa felpuda na formação de sua equipe de governo, até mesmo na convocação de nomes que, sabia-se de antemão, seriam queimados pelas investigações das diversas operações da Polícia Federal e do Ministério Público ou que, por suas trapalhadas do dia a dia, estariam fora do Governo. Mas o presidente sabia e sabe o que pode tirar de cada um deles.
Todos conhecem bem os atalhos do Congresso e, no Governo, ou já fora dele, foram importantes na condução das reformas. E não duvidem de que, com a tropa de choque que montou, Temer seja capaz de aprovar coisas que poucos acreditam que conseguiria. É que ele está buscando votos na turma que só vota no balcão de negócios que conversa exatamente com quem conhece bem o balcão, até por ter sido, ou ainda ser, parte dele. E, para esta turma, o sucesso do Governo Temer passou a ser uma questão de sobrevivência.
Queiram ou não os críticos, a eventual retomada do crescimento econômico, que economistas importantes já admitem para este ano, em percentuais baixos e base pequena, é verdade, vai tirar o foco das “operações caça-ratos” em andamento no país. O presidente Temer, já em situação mais confortável do que há alguns meses em relação ao controle da economia, também tem pressa. Ele sabe o risco de ser atropelado pelas delações da Lava Jato e sabe que, no Brasil, o povo releva malfeitos dos que estão bem com ele.
Resultados positivos na economia, com retomada do emprego, somados a um ou outro programa de distribuição de benefícios, costumam ser salvo conduto para políticos. Quem consegue isso entra para o grupo do “rouba, mas faz” e ganha perdão do povo. Aí fica mais fácil o perdão ou o esquecimento judicial.