Empresários dizem que ano já está perdido
A alta do dólar, que poderia impulsionar a exportação de alguns produtos brasileiros, tem causado efeito contrário em alguns setores, como os de confecção e vestuário. No circuito de fábricas formado pelos municípios de São João Nepomuceno, Rochedo de Minas e Descoberto, que abrange cerca de 70 empresas e emprega, diretamente e indiretamente, cerca de oito mil pessoas, 2015 é considerado perdido para os negócios. Esta visão é compartilhada pelo empresariado, que não vislumbra retomada efetiva da atividade nos próximos meses.
Por outro lado, há uma vertente que defende o trabalhador, assegurando que o momento é propício à sua recolocação do mercado. Segundo projeção feita pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados e Confecções de Roupas de São João Nepomuceno, Sebastião Sérgio Rodrigues, pelo menos 5% dos postos de trabalho perdidos no começo do ano foram preenchidos em março. “Entre janeiro e fevereiro, no geral, tivemos cortes de 10% da mão-de-obra, em virtude do começo de um novo Governo, a crise econômica e o bombardeio de más notícias que deixaram o empresariado descrente. Mas a nossa visão é bem mais otimista do que a do empresário”, ressaltou Rodrigues, acrescentando que o momento, principalmente com o dólar acima dos R$ 3, tem permitido e estimulado a abertura para exportação, aumento da produção e até contratação.
Para o Sindicato das Indústrias do Vestuário de São João Nepomuceno (Sindivest), a história é um pouco diferente. O presidente da entidade, José Roberto Schincariol, pontua que a alta do dólar inibe, de fato, a importação de produtos, mas não ajuda na exportação local. “Não existe no Brasil a cultura de exportação de manufaturados, apenas a de matéria-prima, que não agrega valor.” Rebatendo a projeção do sindicado dos trabalhadores, Schincariol ressalta que não há o que comemorar, pois só não houve mais demissões porque o empresário tenta segurar ao máximo, uma vez que demitir funcionários custa caro para a empresa. “Tivemos uma queda de 25% em nosso movimento nos últimos meses, pois diminuíram as vendas, a compra, o lucro e a produção. Está tudo parado e não sabemos como reagir. O cenário é desanimador.”