Entrevista/Pedro Ganem Salomão, empresário
Juiz de Fora recebeu ontem um dos palestrantes mais requisitados do país. Aos 36 anos, Pedro Ganem Salomão é um empreendedor de sucesso, dono de cinco empresas e já contou a sua trajetória para mais de cem mil pessoas. Se com essa descrição você imaginou um homem engravatado, com a pasta debaixo do braço e os olhos cravados no relógio já pensando no próximo compromisso, enganou-se. A rotina de Pedro é de muito trabalho, mas reserva espaço para mergulhos no mar, prática de esportes ao ar livre, contemplação da natureza do Rio de Janeiro e, também, a dedicação ao filho Bento, de dois anos. Ele, inclusive, confessa que está sempre com uma sunga por debaixo da roupa, pois entre uma reunião e outra, gosta de dar um mergulho em Copacabana, onde fica a Rádio Ibiza, seu primeiro negócio, que hoje tem filiais em São Paulo e Curitiba.
A rádio foi criada quando Pedro tinha 21 anos. No ano seguinte, ele já tinha alcançado o seu primeiro milhão. Hoje, é administrador e pós-graduado em sociologia política e cultural, mas garante que o aprendizado veio também com a experiência pessoal, que inclui momentos difíceis, como a falência da família e a perda do pai. Desde então, Pedro tem apostado nas pessoas como o diferencial para seus negócios. Todos os dias ele cumprimenta cada um dos funcionários na rádio. “Tem gente que diz que perco meu tempo com isso, mas eu não acho. Faço questão. É assim que sinto como meus funcionários estão se sentindo”, afirma.
É nesse clima de positividade que Pedro conversou com a Tribuna sobre o novo conceito de empreendedorismo que quer transmitir a todos aqueles que têm interesse em engendrar pela área, enfatizando a importância de se fazer o que gosta e valorizar quem está ao seu lado.
Tribuna – De onde veio a sua veia empreendedora? Tem algum empreendedor na família, alguém que serviu de inspiração?
Pedro Ganem Salomão- Sou de uma família sírio-libanesa. Todos os meus avós vieram da Síria ou do Líbano e tiveram que empreender aqui. Meu pai foi um grande empresário da indústria naval, acho que estava no sangue mesmo.
– Você montou o seu primeiro negócio aos 21 anos e depois de um ano tinha alcançado o seu primeiro milhão. Como foi essa trajetória e ao que você atribui este sucesso?
– Olha, foi uma trajetória orgânica e muito consequente! Acho que a maior habilidade que descobri foi a capacidade de amar o ser humano. Nunca entendi muito o que nenhuma de minhas empresas fazia tecnicamente, mas entendia o que as pessoas queriam, entendia de montar times e de tentar fazer as pessoas felizes. E isso é a chave de tudo nessa vida!
– Você fala sobre um novo conceito de empreendedorismo, qual seria?
– Tem 18 anos que entrei na faculdade e, depois de todo esse tempo, esta palavra continua na moda, mas ninguém soube seu significado. Disseram que era abrir empresa, mas não é! Empreender é realizar! É realizar algo que ninguém quis realizar. É ter fé! É acreditar em algo que não se pode ver! É não se acomodar e nem estacionar.
– Qual é a relação entre empreendedorismo e felicidade que é abordada na sua palestra?
– Na verdade, fazemos tudo em busca da felicidade. Escolhemos namorado, trabalho, viagens…. Tudo para ser feliz! Mas ser feliz não está na moda! Aprendemos a reclamar de tudo e de todos: do trabalho, da esposa, do salário… Mudar esse paradigma e valorizar o que temos é o melhor exercício de empreendedorismo. É mudar o discurso, ressignificar. Empreender é ressignificar! E devemos ressignificar o olhar para o que nos faz feliz e para como somos abençoados todos os dias.
– Em meio à crise, vemos muitas pessoas buscarem o empreendedorismo como alternativa. Existe um melhor momento para empreender? O que diferencia quem será bem-sucedido no mercado de quem não será?
– O que diferencia é a verdade que existe no seu propósito. A crise é o melhor momento para mudar, pois não tem concorrência. Ninguém quer fazer nada, então, para quem não é genial, como eu não sou, é o melhor momento.
– Também por conta da crise, vemos muitas empresas fecharem as portas, algumas até bastante tradicionais no mercado. Qual é o conselho para o empresário neste momento? O que é preciso para superar a crise?
– Fé e investimento nas pessoas. Precisamos entender de gente!
– Qual é a importância de se manter uma equipe motivada?
– Vivemos por paixão, sem gente apaixonada a vida perde o brilho.
– Empreendedorismo é vocação ou oportunidade?
– Boa pergunta! Um pouco dos dois.