Flyways teria interesse no Serrinha
Há mais de um ano sem voos regulares, o Aeroporto Francisco Álvares de Assis, o Serrinha, será pauta de audiência pública na próxima semana. A discussão sobre a utilização do terminal, que hoje oferece apenas voos fretados e serviço de táxi aéreo, coincide com as informações de um possível interesse da Flyways Linhas Aéreas por Juiz de Fora. Caso a companhia aérea consiga autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar – e realmente escolha o município como base – pode significar o fim da espera pela retomada das operações comerciais, suspensas desde abril de 2014, com a transferência dos voos da Azul para o Aeroporto Presidente Itamar Franco. A audiência acontece terça-feira, às 15h, na Câmara Municipal.
A Tribuna fez diversos contatos com a Flyways nas últimas semanas. O único posicionamento oficial recebido foi que a empresa estava em “tratativas com o Estado e Federação da Indústria com o objetivo de traçar e atender as necessidades de Minas Gerais”. A companhia aérea disse ainda que, em breve, comunicaria as rotas de operação. A Anac, por meio de sua assessoria, informou que o processo de certificação da Flyways encontra-se no início da fase três, que consiste em análise de manuais e documentos. Após as solicitações prévia e formal e análise de documentos, ainda restam as etapas de demonstrações e inspeções até se chegar à certificação, que garante o início das operações propriamente ditas.
A partir da informação do possível interesse por Juiz de Fora repassada pela Tribuna, o secretário de Transportes e Trânsito, Rodrigo Tortoriello, conseguiu contato com a empresa aérea esta semana. A intenção dele é visitar a sede, localizada no Rio de Janeiro, no dia 13 de julho. Segundo Tortoriello, a Flyways teria interesse no Serrinha. “Vamos dar o apoio que precisarem para que (a operação) possa se tornar realidade.” O secretário comentou, no entanto, que a cidade não estaria contemplada na rota inicialmente prevista – Rio de Janeiro, Belo Horizonte (Pampulha) e Brasília. A informação que teria sido repassada para ele sugere que o Serrinha poderia ser inserido neste contexto, o que dependeria de fatores, como a aquisição de uma segunda aeronave. A Flyways estaria em processo de aquisição da primeira. “Depois do dia 13 vou entender qual é o objetivo deles com a nossa cidade.” O plano da companhia aérea seria realizar o primeiro voo de reconhecimento em agosto para início das operações em setembro.
Conforme o secretário, atualmente, a Prefeitura trabalha para conseguir homologar, junto à Anac, a cabeceira 21 (localizada à direita de quem chega ao terminal) para pouso com instrumento. A cabeceira três já conta com a certificação. “Com a homologação, poderemos dobrar a capacidade de operação por instrumento.” Tortoriello garante que o aeroporto não é inseguro e atribui a ausência de operações comerciais à falta de empresas áreas com atuação regional no país. “No que compete à Prefeitura, o aeroporto está em dia com as obrigações contratuais e legais. Temos um concessionário contrato e podemos receber um voo amanhã, porque temos pessoal capacitado e toda a infraestrutura para receber novas operações.”
Grupo cobra proatividade das autoridades
A audiência requerida pelo vereador Roberto Cupolillo (Betão – PT) foi solicitada pelo Grupo Pró-aeroporto da Serrinha. A expectativa é contar com a presença de representantes da Prefeitura, profissionais da área de turismo e empresas aéreas no debate sobre a situação do aeroporto. Conforme Betão, o objetivo é saber exatamente o que está acontecendo com o Serrinha e se há empecilhos para a retomada da oferta de voos comerciais. “Queremos trazer essa discussão à tona.”
O presidente do Grupo Pró-aeroporto da Serrinha, Alexandre Hill Maestrini, cobra “efetividade” e “proatividade” das autoridades para retomar as operações comerciais, realizar estudo de viabilidade e preparar um plano de operação de longo prazo.
Maestrini comenta que o grupo, criado a partir de uma mobilização popular, não é contra o Aeroporto Itamar Franco, mas considera o Serrinha mais “funcional” hoje. “Entendemos que a mobilidade aérea da população está reduzida por falta de voos na cidade, lembrando que, por este motivo, existe a subutilização do Expominas e de hotéis, além da migração de empresas para outras cidades.” Maestrini destaca a estrutura e os equipamentos disponíveis e convida a população a desmitificar o aeroporto, adotando uma postura mais positiva. “Temos todas as condições de funcionamento. Precisamos de apoio ao Serrinha.”