Inadimplência em alta
Os cerca de 500 mil registros de inadimplência verificados em Juiz de Fora e região devem aumentar a partir do próximo mês, em função do aperto financeiro provocado pelas contas de início de ano. Esta é a estimativa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), que contabiliza, aproximadamente, 130 mil CPFs negativados na Zona da Mata. O número de contas é quase quatro vezes maior do que o de documentos, porque cada consumidor pode acumular mais de uma pendência, esclarece o órgão.
Segundo o presidente da CDL, Marcos Tadeu Casarim, apesar do aumento esperado entre fevereiro e março, a tendência é que exista declínio nos meses subsequentes. Diante dos diversos compromissos financeiros verificados no início do ano, há consumidores que priorizam pagamentos, como matrícula e material escolares, para depois quitar as demais contas, como o saldo remanescente do cartão de crédito usado nas compras de final de ano.
O ano de 2014 não foi muito favorável para o brasileiro regularizar suas dívidas. De acordo com indicador calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o volume de quitação de dívidas atrasadas apresentou queda de 1,87% no acumulado dos últimos 12 meses até dezembro ante igual período de 2013. Em dezembro, comparado ao mesmo mês do ano anterior, a queda foi de 3,51%, a quarta variação negativa mais acentuada desde o início de 2013.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o resultado fraco de 2014 demonstra a falta de dinamismo da atividade econômica, com a piora na confiança do consumidor e dos empresários, aliada a níveis elevados de inflação e de taxas de juros. “Com a economia crescendo a taxas muito próximas a zero, o mercado de trabalho sentiu os efeitos negativos sobre a renda das famílias e a confiança do consumidor. Por causa dos altos níveis de inflação e de juros, o pagamento das contas ficou comprometido, assim como a recuperação das pendências em atraso.”
A Serasa Experian, por meio de sua assessoria, esclarece que, antes de o nome figurar no cadastro negativo, é enviada uma carta ao consumidor. As empresas de telefonia encaminham o comunicado após a dívida apresentar atraso mínimo de 90 dias. As outras empresas o fazem quando o atraso varia entre 30 e 60 dias. No aviso, é estipulado prazo médio de dez dias, a contar da postagem, para regularização do débito. Na falta de manifestação do cliente ou do credor, as informações são disponibilizadas para consulta em banco de dados, podendo, inclusive, ser utilizadas para análise de risco de crédito, informa o texto.
Segundo a Serasa, a correspondência só é enviada quando o credor, após tentativas de contatar o cliente, não consegue retorno. A informação é que não apenas o credor como o próprio cliente pode comunicar o acerto ou a possível cobrança indevida, levando à retirada da lista de inadimplentes. Na falta de pagamento, a inscrição pode ser mantida por um período de até cinco anos. Conforme Casarim, o registro equivocado de consumidores é raro, em função da informatização dos sistemas de cobrança e de pagamento adotada pela maioria das empresas. O consumidor pode consultar a situação do seu nome, gratuitamente, na sede da CDL em Juiz de Fora.
Hábitos financeiros
O consultor financeiro Carlos Eduardo Costa comenta que os primeiros meses do ano significam, para muitos, época de aperto financeiro. Ele enumera gastos com a fatura do cartão de crédito devido às compras de Natal e a matrícula e a lista de material escolar, além de impostos, como o IPTU e o IPVA. “Esse aumento dos gastos pode levar ao desequilíbrio financeiro e ao endividamento, comprometendo a vida financeira ao longo de todo o ano.”
Para o consultor, é necessário planejamento: elaborar um roteiro de ações para se atingir um objetivo. “De uma forma bem sintética, podemos definir planejamento como escolher um objetivo e traçar o melhor caminho para conquistá-lo.” Costa cita como exemplo uma pessoa cuja meta é chegar, ao final de 2015, em condições de pagar à vista os impostos do início do ano seguinte, aproveitando os descontos. Entre as estratégias estão fazer uma economia mensal ou utilizar rendimento extra, como o 13º salário, para quitar estes compromissos.