Marques quer cassar mandato de Santiago
O deputado estadual Marques Abreu (PTB), que não foi reeleito, protocolou no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas Gerais um pedido de cassação e de declaração de inelegibilidade contra o deputado estadual eleito Márcio Santiago (PTB). Na ação que iniciou tramitação na última segunda-feira, Marques questiona a participação de Santiago em um evento religioso realizado no último dia 4 de outubro, véspera das eleições que elegeu os 79 integrantes da Legislatura 2015-2018 da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O questionamento de Marques é embasado em um laudo feito pelo Maurício Brandão Ellis, profissional contratado pelo deputado. O documento afirma que Márcio Santiago teria se beneficiado de um evento promovido pela Igreja Mundial do Poder de Deus, na Praça da Estação, em Belo horizonte. A alegação é de que houve abuso de poder econômico, político, religioso e de comunicação por parte do colega de partido, que é missionário da igreja evangélica. De acordo com a imprensa da capital, o encontro religioso teria reunido até 25 mil participantes.
“Essa festa, com shows e tudo, contribuiu fortemente para a eleição do Márcio Santiago. Seria o mesmo que eu, ex-atleta, pedir ao Tardelli ou outro ídolo para pedir votos para mim em um Mineirão lotado”, afirmou Marques ao jornal “O Tempo”. De acordo com a denúncia, o pastor Valdemiro Santiago, que comandava o evento e é tio de Márcio, apresentou e pediu votos para o parlamentar eleito, que tem domicílio eleitoral em Juiz de Fora. Entretanto, a informação é de que o então candidato não falou ao microfone.
À reportagem da Tribuna, Márcio Santiago afirmou que ainda não havia sido notificado oficialmente acerca da ação, mas se mostrou tranquilo. “Confio na Justiça. Aquele foi um evento que acontece recorrentemente desde de 2012. Só este ano, foram realizados três no Mineirinho e este da Praça da Estação. Não fui eu quem organizei. Participei como pastor. Reduzir um trabalho de três anos a um evento é zombar do eleitor.”
‘Injustificável’
Márcio Santiago considerou ainda a ação proposta por Marques um ato de desespero. “Tive aproximadamente 7.600 votos em Belo Horizonte, o que corresponde a 10% de minha votação (ao todo, o deputado eleito teve 76.551 votos). Fui votado em mais de 800 cidade no estado. É uma tentativa de justificar o injustificável.”
Caso a Justiça acate o pedido, Marques será diretamente beneficiado já que, com 39.027 votos, foi o primeiro suplente da coligação formada pelo PTB e o SD. A ação cita ainda o candidato a deputado federal pastor Franklin Lima (PTdoB), que também participou do evento, e o pastor Valdemiro.