Mostra interativa de fotos compara JF hoje e ontem
O passado e o presente de Juiz de Fora juntos em uma exposição interativa. Em uma projeção na parede dos fundos da Galeria Arlindo Daibert, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM), estarão expostos, a partir de hoje, imagens de uma Juiz de Fora que vive somente na memória e aquela dos dias de hoje. Mas para que a paisagem mude, o público precisa interagir.
Construída com a linguagem operacional "openFrameworks", a mostra "Palimpsesto" permite ao visitante comandar a troca de cerca de 80 imagens, a partir de movimentos do próprio corpo em frente ao telão, como se fosse um apagador. As fotografias de um mesmo lugar, em épocas diferentes, são projetadas e descobertas a partir do movimento da silhueta do participante em contato com a obra, que vai, continuamente, revelando as imagens "sobrepostas". Para ver a fotografia seguinte, é preciso "apagar" por completo a que está exposta. A interação ocorre de maneira similar à empregada no videogame "XBox", mas, neste caso, no lugar de uma aventura em um universo imaginário, a viagem é pela história.
O idealizador da exposição, Rafael Ski, conta que primeiro foi feita uma pesquisa tanto na internet quando em coleções pessoais e arquivos históricos. Em seguida, ele e a fotógrafa Rafaella Lima reproduziram as imagens dos locais pesquisados, com o mesmo ângulo. A mostra engloba pontos das avenidas Rio Branco e Presidente Itamar Franco (antiga Independência) e ruas como Rei Alberto e Batista de Oliveira. Pontos como o antigo Palácio Episcopal (Casa do Bispo) ou a Capela do Stella Matutina, ambos na Rio Branco, são alguns dos destaques da exposição.
Palimpsestos são pergaminhos utilizados no século XII, feitos com pele de carneiro. Como eram muito caros, passaram a ser reaproveitados. Porém, era possível ver a antiga escrita. A ideia do nome da mostra foi tirada da maneira como o geógrafo Milton Santos empregou o termo. "Ele comparou o pergaminho a uma cidade. Dizia que era possível encontrar em várias partes da cidade registros de sua história, mesmo com um prédio novo construído naquele local", explica Rafael.
Para chegar à projeção de imagens, o caminho precisa ser trilhado pelo visitante por dentro de uma casa sem paredes, apenas com estrutura construída com madeiras e objetos de antigas edificações de Juiz de Fora. "Parte do material nós compramos quando as casas estavam sendo demolidas ou pegamos do entulho que seria jogado fora. Outra parte alugamos de marcenarias da cidade." Para dar vida a esta casa, foram colocados pequenos aparelhos de rádios e TVs antigos, com reprodução de depoimentos de envolvidos com os espaços retratados na mostra. "Temos opiniões diversas, de pessoas que acham que deve ser tudo demolido às que se emocionam com a lembrança. O que queremos com a exposição é jogar luz sobre a questão do crescimento sem critério da cidade."
Complementando a ideia da exposição, no dia 24, às 19h, acontece uma roda de conversa com professores e interessados na história de Juiz de Fora. No dia 28, às 10h, uma contação de histórias vai propor nova reflexão, mas de forma lúdica, comandada por Flávio Abreu. A ideia é criar uma "introdução" para crianças que forem visitar a mostra. "É a história do menino Abelardo que encontra, em meio às coisas de seu falecido avô, um diário mágico, em que tudo o que é escrito acontece no dia seguinte. E estranhamente ele só possui uma página."
PALIMPSESTO
Abertura hoje, às 20h. Visitação de terça a sexta, das 9h às 21h, sábados e domingos, das 10h às 16h. Até 6 de maio
CCBM (Av. Getúlio Vargas 200 – Centro)