Faturamento da indústria cai 11,2%
O setor industrial fechou 2016 com queda de 11,2% no faturamento real na Zona da Mata. Em números não deflacionados, o recuo do segmento em Juiz de Fora chegou a 3,22%. Ao contrário do verificado na cidade, a indústria mineira apresentou crescimento de 5,96% no faturamento nominal. O balanço anual, divulgado pela Fiemg Regional Zona da Mata, aponta, ainda, que a participação da cidade na arrecadação da Zona da Mata, considerando o ICMS, não passou de 40% (39,79% mais precisamente) no ano que passou. O dado é preocupante, já que a participação do município no cenário regional chegava a 65,5% em 2010.
Para o presidente da Fiemg Regional Zona da Mata, Francisco Campolina, o desempenho do setor industrial na cidade foi fortemente impactado pela retração do segmento têxtil, verificada em todo o estado (queda de 3,4% em faturamento real). Na Zona da Mata, o recuo foi ainda mais intenso – de 3,9% em 2016. Ele destacou a relevante participação da cadeia têxtil na economia local, fazendo com que o município sinta os impactos de forma mais intensa. Na sua opinião, no entanto, a performance da indústria, como um todo, não foi tão ruim, considerando que há setores e produtos em “péssimas condições”, como os extrativo, metalmecânico e automobilístico.
Participação de ICMS
Campolina considera preocupante a queda de participação de Juiz de Fora no ICMS na Zona da Mata. Pelas contas da Fiemg, dentre as 142 cidades que compõem a região, 16 respondem por cerca de 90% da arrecadação. Juiz de Fora faz parte dessa fatia, mas sua participação vem caindo ano a ano. “A cidade está empobrecendo mais do que a Mata Mineira, faturando menos e arrecadando proporcionalmente menos do que outras cidades da região.” Ainda considerando a região, houve queda de 3,6% no emprego, alta de 7,5% na massa salarial real e 0,1% nas horas trabalhadas na produção.
Para o presidente regional, Juiz de Fora possui poucas indústrias com capilaridadade de arrecadação volumosa, como era a Mercedes-Benz quando intensificou a produção de caminhões na planta local. Atualmente, a montadora prepara-se para transferir as linhas de produção de veículos comerciais, centralizando, no município, a montagem e a pintura de cabinas. Um dos impactos, diz, é que a cidade ocupa o oitavo lugar no ranking mineiro de arrecadação, estando atrás de municípios, como Uberaba, Pouso Alegre e Sete Lagoas. “Falta dinheiro circulando.”
Perda de 782 vagas
No quesito empregabilidade, a indústria da transformação ficou em terceiro lugar entre os setores que mais eliminaram postos de trabalho formais, atrás de construção civil e serviços, na ordem. Em 2016, foram extintos 782 empregos com carteira assinada, conforme atesta o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Para Campolina, o desemprego no setor ficou em 2016. “Não temos hoje desemprego acontecendo no setor industrial. Aconteceu no ano passado, mas não temos continuidade em 2017.”
Para o empresário, há uma melhora na política macroeconômica, com juros e inflação caindo e exportações ganhando corpo. “A sociedade está voltando a consumir.” Como em Juiz de Fora a maioria das indústrias é de bens de consumo não duráveis, a expectativa é por aumento das vendas desses produtos.
Uma proposta evolutiva para o setor, avalia, seria atrair novas indústrias capazes de vender produtos com alto valor agregado e, com isso, aumentar a arrecadação municipal. “Temos que trabalhar, que nem loucos, para atrair novos investimentos industriais para a cidade. É isso que vai mudar a economia de Juiz de Fora”, acredita.