Policiamento com cães reforça trabalho de militares
Eles atuam na detecção de drogas, captura de foragidos, controle de rebeliões e outras ocorrências. Os cachorros das Rondas Ostensivas com Cães (Rocca) são aliados dos policiais militares no combate à criminalidade. Eles acessam facilmente locais que os homens não conseguiriam adentrar sem grande esforço e têm como trunfo audição e olfato poderosos. Apenas entre junho e este mês, os 13 cães do Canil da 4ª Companhia de Missões Especiais de Juiz de Fora conseguiram farejar e ajudar a encontrar mais de 20kg de drogas em Juiz de Fora. A Tribuna acompanhou parte do treinamento dos animais, no 2º Batalhão da Polícia Militar, em Santa Terezinha. Atualmente, o Canil trabalha com as raças pastor alemão e pastor belga malinois.
O comandante da unidade, subtenente Evandro Medeiros, explicou que os cães começam a ser adestrados com 6 meses de vida. Por volta de 1 ano e meio, estão prontos para o trabalho policial. “Antes de serem treinados, analisamos o perfil de cada cão, para saber se está apto para atuar na polícia”, disse. A partir desta seleção, começam a ser treinados, de acordo com suas aptidões, para a busca de drogas ou a captura de suspeitos de crime. “Os cães que farejam drogas precisam ser menos agressivos, são treinados para ser mais sociáveis. Já os de captura, são mais agressivos.”
Relação entre policial e cão
Os animais aprendem a atender ao comando de um policial, que será seu parceiro constante até a aposentadoria, que acontece quando eles têm entre 8 e 10 anos de vida. A relação de proximidade é tão grande, que a maioria dos cães que deixa o trabalho policial vai para a casa do militar desfrutar das alegrias de ser “apenas” um PET.
Para um dos policiais da unidade, sargento Edney Knop, condutor do cão Pagé, um pastor malinois de 8 anos especializado em captura de suspeitos, a relação entre o policial e o cão é o diferencial do trabalho. “Criamos um vínculo de amizade, que começa desde que os animais são filhotes. Acaba sendo como se fosse seu animal de estimação. Geralmente todos os animais atendem ao comando de todos os policiais. Todos os militares da Rocca estão aptos, mas, sem dúvida, com o policial que o conduz, o aproveitamento deste cão é de 100%”, comentou, acrescentando que, com o contato diário, cada policial consegue desenvolver no cão habilidades específicas. Outro militar, o soldado George Augusto, responsável pela cadela Kiara, de 4 anos e especializada em farejar drogas, classifica a pastor alemão como uma verdadeira companheira. “Ela não é só um cão, é minha parceira. É uma relação de muita amizade. Ao final do tempo de serviço da Kiara, espero ficar com ela.”
Treinamento de captura e busca por drogas
A primeira etapa do adestramento geralmente é a repetição de palavras curtas – ordens como “senta” – até o animal aprender a reconhecê-las. A segunda é uma recompensa, como um petisco ou brinquedo, dada quando esses comandos são obedecidos. Na fase mais avançada, o bicho é lapidado na área que irá atuar. No caso dos que irão buscar drogas, popularizou-se a crença de que os treinadores viciavam os animais em entorpecentes para que fossem eficientes em achá-los. Porém, o único estímulo utilizado no treinamento feito no Canil da 4ª CME é uma bolinha. Eles só podem brincar com o objeto depois de realizar com sucesso a sua tarefa.
Segundo o sargento Edney, o adestramento é feito em caixas, e o cão precisa descobrir e recuperar seu brinquedo. O animal, então, associa o cheiro da droga à bolinha. “As caixas têm dois orifícios, e a droga é colocada dentro dela. Quando iniciamos o adestramento, o cão vê o policial colocando a bolinha que ele estava brincando na caixa, quando ele cheira a droga, instantaneamente, ganha a bolinha, que é jogada por um dos buracos”, explicou. Segundo ele, os exercícios vão sendo projetados para serem mais desafiadores. “Vamos colocando mais caixas e as embaralhando, apenas uma com droga. Quando o cachorro encontra a substância, o brinquedo é jogado para ele do lado de fora da caixa, por cima da sua cabeça. Quando ele está em uma ocorrência real, recebe o mesmo brinquedo quando consegue encontrar o entorpecente”, explicou.
Durante a reportagem, os policiais pediram ao repórter fotográfico Marcelo Ribeiro que escolhesse um lugar aleatório no terreno do Canil para esconder uma porção de droga. Em seguida, a cadela Kiara, que teve filhotes recentemente, foi levada à área e rapidamente achou a droga, que estava em dois pontos.
Captura
Quando os cães são destinados à captura de suspeitos, explica o sargento Edney Knop, a primeira etapa do treinamento se baseia no policial marcar uma trilha com ração, para que ele vá farejando e pegando os petiscos. “Depois o animal começa a farejar o odor do condutor, que marca a pista com seu cheiro. Em seguida, começamos a aumentar a dificuldade.”, disse o sargento. Os animais de captura também são capacitados para atacar e imobilizar suspeitos. Eles ainda estão aptos a desarmar criminosos, sempre seguindo o comando do policial que o conduz.