Por que precisamos ser mais educados financeiramente?

Por Luciane Faquini

A relação do indivíduo com o dinheiro nunca foi tão intensa como nos últimos tempos. Infelizmente, a importância dada ao uso consciente dos recursos é mínima. Diante dessa dicotomia, a educação financeira tornou-se um dos principais temas nas discussões internacionais, apontada como instrumento capaz de proteger os cidadãos e embasar suas decisões acerca de consumo, investimento, seguridade e previdência e melhorar os indicadores econômicos de uma nação.

O caso da Coréia do Sul ilustra muito bem o fato: a grade curricular das escolas do país, que recebem cerca de seis vezes mais recursos que as brasileiras, contam com a disciplina de economia doméstica desde o ensino básico, para alunos de 8 a 14 anos. O resultado desse investimento são indicadores econômico-sociais muito melhores que os nossos, como renda per capita, que em 1960 correspondia à metade da brasileira e hoje é três vezes maior; PIB comparado dos dois países, que até o ano de 2014 apresenta uma variação que ultrapassa os 150% e percentual de coreanos que cursam graduação em universidade, que é de 70%, enquanto no Brasil atinge meros 13%.

Segundo recomendações oriundas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.384/96), a educação financeira não é conteúdo obrigatório no sistema de ensino do Brasil. Porém, o Ministério da Educação reconhece que parte dos aspectos referentes à qualidade do ensino são as habilidades essenciais à vida. Nesse sentido, coloca o ensino da gestão orçamentária familiar como necessário ao desenvolvimento de competências para a inserção dos indivíduos na sociedade. Tal ensino atualmente é estimulado pela Estratégia Nacional de Educação Financeira. Essa política de Estado visa à conscientização dos indivíduos a fim de capacitá-los a tomar decisões mais autônomas, através do desenvolvimento da criticidade.

Em Juiz de Fora, segundo o Programa das Nações Unidas de Desenvolvimento (PNUD) de 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) para o município era de 0,778, acima dos índices estadual (0,731) e nacional (0,727). Grande parte desse bom desempenho deve-se à educação; segundo o Censo 2010, a taxa de analfabetismo na cidade é de 3,27%, a terceira melhor taxa dentre os municípios mineiros, ficando atrás apenas de Nova Lima e Belo Horizonte, ambos com taxas de 2,9%.

Além disso, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) médio do município vem em constante aumento, saindo de 3,9 em 2005 para 4,8 em 2015. Apesar desse crescimento, a educação financeira como parte do programa disciplinar das escolas da região, assim como no Brasil, é quase inexistente, o que abre um espaço importante a ser preenchido na formação básica dos jovens. Iniciativas nesse sentido devem ser incentivadas pelo poder público e executadas pelo setor educacional da cidade. Afinal, cidades, estados e países ricos se fazem com cidadãos educados também financeiramente.

Por Bruno Perry, Cristhian Campos, Kamilla Menezes, Joyce Guimarães, Juliana Laurindo, Vinícius Versiani e Fernanda Finotti C. Perobelli. Email: [email protected]

Luciane Faquini

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