Uma nova paixão nacional?
Hoje é um dia especial para os amantes do futebol. Mas não aquele jogado com os pés, no qual o objetivo é fazer gols, e sim o da bola oval, jogado mais com as mãos, criado e extremamente popular nos Estados Unidos. Hoje, a partir das 21h, o atual campeão, Seattle Seahawks, defende o título do Super Bowl diante do New England Patriots. O evento, considerado o maior do mundos dos esportes e só comparado internacionalmente à final de uma Copa do Mundo – em 2014, segundo o Instituto Nielsen de medição de audiência, 111,5 milhões de telespectadores, o maior número já registrado na história da TV americana, acompanharam a partida -, acontece esse ano em Glendale, no estado do Arizona, no estádio da Universidade de Fênix, e vai agitar também muitos fãs Brasil afora.
O esporte tem caído no gosto dos brasileiro nos últimos anos. Detentora dos direitos de transmissão das partidas da National Football League (NFL), a liga que concentra as equipes profissionais da modalidade nos Estados Unidos, o canal de TV por assinatura ESPN apostou nos últimos anos na popularização dos jogos com a bola oval e se deu bem. Segundo o diretor-geral, German Von Hartenstein, a audiência subiu cerca de 800 vezes em três anos. Na trilha da expansão do interesse do público brasileiro, em 2014, em parceria com a rede de cinemas UCI Kinoplex, a emissora exibiu pela primeira vez o Super Bowl em algumas salas pelo Brasil. Esse ano a experiência será ampliada, e Juiz de Fora entra nessa rota. Os interessados em acompanhar o evento na telona podem adquirir seu ingresso por R$ 50 (inteira) ou R$ 25 (meia) e comparecer a partir das 21h à sala 2 de projeções do Independência Shopping.
Em ação
Para alguns juiz-foranos, esse domingo também é dia de parar tudo. Criado em 2007, o JF Red Fox, equipe local de futebol americano, reúne apaixonados pela modalidade para treinos e jogos e, depois de um hiato, luta nos últimos anos para se aproveitar da onda de popularização da modalidade e dar o próximo passo como equipe. Quem explica é um dos pioneiros, o estudante Gabriel Michels, 22 anos. “Começamos em 2007, com um grupo de amigos que se interessaram e começaram a acompanhar. Usávamos um gramado na UFJF para treinos e fomos crescendo. Em 2009, chegamos a disputar o Campeonato Mineiro, mas no ano seguinte muitos tiveram que sair da cidade para estudar, trabalhar, e o time parou suas atividades.”
Em 2012, com uma nova leva de aficionados, a equipe voltou à carga. “Acabamos ficando no meio do caminho, pois equipes como o Minas Locomotivas, de Belo Horizonte, por exemplo, que começaram no Estadual conosco, hoje jogam o Torneio Touchdown (maior competição de futebol americano do Brasil). Nos últimos tempos temos recebido muitos interessados, até mesmo por conta da exposição maior que o esporte está tendo aqui. Então, a ideia é agregar mais jogadores, estruturar melhor o time e voltar aos campeonatos”, explica o jogador, que atua como tight end – recebedor com mais força do que velocidade – e um dos capitães da equipe.
Coisa séria
Representante da nova leva de integrantes que fez com que o Red Fox retornasse às atividades, o estudante Arthur Oliveira, 23, identifica a fidelização de atletas como o principal desafio da equipe agora, com o aumento do interesse pelo esporte. “Estamos abertos a todos que nos procuram, temos equipamentos para emprestar, quem quiser é só entrar em contato conosco nas redes sociais, na página de trials (testes) do JF Red Fox. A gente tem sentido um aumento na procura, mas muitos vêm e não voltam. Fazemos as coisas direito e, por vezes, o aprendizado das técnicas corretas e movimentações fica repetitivo, mas é necessário. Não é um esporte com o qual temos contato desde pequenos, então temos que aprender tudo. Até mesmo para evitarmos lesões”, diz o running back – espécie de corredor – do time local que começou a se interessar pela modalidade entre 2008 e 2009 através de filmes e videogames, e chegou ao Red Fox pelas redes sociais.
Na torcida pelos gringos
O domingo de Super Bowl é especial para todos os amantes do futebol americano, independente de para que time torça. Fã do New York Jets, Michels vai torcer para o Seahawks hoje. Torcedor do New Orleans Saints, Oliveira torcerá para o New England. Mas para um dos integrantes do Red Fox esse é um jogo mais do que importante. O quarterback – atleta responsável por armar ataques e municiar companheiros com passes ou entregando-lhes a bola – Enrico Aquino, 22, quer ver seu Patriots campeão pela primeira vez. “O primeiro jogo que vi foi em 2006, e foi uma derrota do Patriots. Depois disso, passei a torcer. Estava no início do Red Fox, acabei indo para os Estados Unidos em 2009, joguei lá. Agora, voltei firme e procuro passar o que aprendi. Mas nunca vi meu time ganhar um Super Bowl. Tem que ser dessa vez. Seria um sonho”, diz o jogador, que confia no colega de posição famoso, Tom Brady, marido da supermodelo brasileira Gisele Bündchen, para comemorar na madrugada de segunda-feira com os amigos, já que o plano é reunir a turma para acompanhar o confronto.
Se Aquino tem o sonho de ver seu time campeão, pode-se dizer que outro juiz-forano vive o dele há cerca de dois anos. Depois de começar a acompanhar o futebol americano em 2012, o professor universitário Luiz Victorino Júnior, 32, vivendo no Distrito Federal, procurou uma equipe e entrou para um dos times mais conhecidos do país, o Brasília V8. Em 2014, se tornou campeão do Candangão, torneio que reúne agremiações da capital federal e seu entorno e mais dois convidados de Goiás. Além disso, entrou para a seleção do torneio, como defensive end – atleta que tem a missão de tentar derrubar o quarterback antes que ele solte a bola.
“Descobri o time pelo Facebook, vi que estavam fazendo testes e fui lá. Comecei a entrar em 2013, mas no ano seguinte joguei bem mais jogos. Fiquei muito feliz de ter entrado na seleção, pois na minha posição são só três atletas, e todos são do V8. Me dediquei, mudei alimentação, treinei duro, malhei e veio a recompensa”, acredita. Quando o assunto é Super Bowl, o agora jogador, que vai torcer para o Seattle, diz que não consegue nem imaginar como seria atuar em uma decisão como essa. “É como se fosse uma final de Copa todo ano. Não dá nem para imaginar. Na final do Candangão fiquei muito nervoso e precisei de algumas jogadas para me concentrar. Nem sei como seria em uma situação dessas.”
Para encontrar o grupo fechado do JF Red Fox, digite o nome do time no Facebook.