Valorização da cultura brasileira
Aos 84 anos de idade e com o título de imortal, o juiz-forano Edmundo Villani-Côrtes vê “Poranduba”, sua única ópera, chegar ao Theatro São Pedro, em São Paulo. A produção, segundo título da temporada lírica da casa, fica em cartaz até 3 de maio, com regência e direção musical do renomado maestro André dos Santos. “O maestro é muito bom. Ele é um brasileiro que está há 20 anos morando na Europa, e a Orquestra está de alto nível. Eles usaram muitos recursos eletrônicos nessa montagem, a cenografia está muito rica”, conta o compositor Villani-Côrtes, que se rendeu à temática do libreto da pianista e escritora Lúcia Pimentel Góes. O público se depara com uma obra totalmente brasileira.
“No ano de 1995, ligou uma professora aqui para casa chamada Lúcia dizendo que gostaria que eu trabalhasse com ela em cima de contos indígenas do Brasil. Gostei do assunto e aceitei compor”, diz Villani, confidenciando nunca ter tido a intenção de investir no gênero. “É algo muito trabalhoso, e raramente você vê uma ópera brasileira sendo tocada. Mas, como músico, decidi dar minha parcela de contribuição para a nossa cultura. A Lúcia sugeriu que eu a compusesse para uma orquestra menor, porque assim teria mais oportunidade de ser executada, e eu não quis. Já que decidi fazer, seria com tudo que tem direito.”
De acordo com o compositor, “Poranduba’ volta à cena depois de quase dez anos. Ela só havia sido montada em 2007, no Teatro Amazonas. “Quando o Luiz Fernando Malheiros levou a ópera para o Amazonas, pensei: Agora as pessoas vão se interessar. Mas isso não aconteceu. Agora, ele foi convidado para ser o diretor artístico do São Pedro e decidiu montar. Estou muito feliz.” Dividida em três atos, a peça é narrada por Poranduba. “O índio é conhecedor das lendas, detentor da cultura e da tradição indígena. Ele participa dos três atos contando a história.” Com coreografia e performance de Eduardo Fukushima, Caio Zaccariotto Ferreira e Roberto Rebaudengo na direção cênica, o espetáculo tem participação do Coral Infantojuvenil da Escola de Música de São Paulo, Coral Lírico Paulista e Orquestra do Theatro São Pedro, Caio Zaccariotto Ferreira e Roberto Rebaudengo. Hoje, a sessão acontece às 20h. Os dias e horários estão disponíveis em http://www.theatrosaopedro.org.br/temporada-de-2015/.